Primeiramente, desculpem por não conseguir seguir a linha de um post por semana, continuo tentando, mas as vezes existem muitas coisas para fazer e pouco tempo para inspiração e escrita. Ainda assim, espero que gostem do texto e sigam o blog. (:
Agradecimento especial para a Lívia Garcia – obrigada pela ajuda e pela amizade – e outro para a Denise, que me convidou para participar do projeto dela, o
Amora Literária, onde esse texto será publicado no dia 20 de junho.
Louis
encarava a garota à distância, não ousava se aproximar e estragar aquela imagem
mágica que se dava ao redor dela. Havia sempre aquela áurea encantada em seu
entorno, um quê meio irreal que chamava tanta atenção dos rapazes – era visível
como a maioria virava o rosto para segui-la com o olhar, lutando para não
perderem aquela visão miraculosa que era Marcelle.
Ela
estava com duas amigas, trocando palavras quaisquer e nem desconfiava de toda
atenção que despertava. Marcelle era na verdade triste, pois eram poucos os
homens que tinham coragem de chegar até ela.
Talvez
uma comparação próxima seja a história de Psiquê, a humana mais bela de todas
da mitologia grega, que fez com que Eros se apaixonasse e ao mesmo tempo
despertou a ira de Afrodite, Deusa da Beleza.
Ou
ao menos era assim que Louis a enxergava.
Era
realmente bela, tinha o cabelo liso e claro, a pele branquíssima e as bochechas
sempre coradas, isso para não falar dos olhos, o ponto máximo de toda aquela
mágica que irradiava dela; eram também claros, quase cinzas, como de uma
princesa nórdica.
Parecia
até uma figura de contos de fada, mas o que Louis não imaginava era a
insegurança e a ingenuidade que habitavam dentro daquele corpo, que antes de
belo era frágil devido as incertezas da garota.
Não
imaginava, mas Louis também era um rapaz especial. Era gentil e honesto, se
preocupava com os outros antes de si mesmo, além de observar as pessoas ao seu
redor e perceber sentimentos que carregavam. Sentimentos que de tanto analisar,
percebia também em Marcelle, sem entender exatamente o que era, enxergava
apenas certa tristeza permanente.
Em
seus pensamentos debatia sobre as chances que teria ao falar com ela. Ele, que
mesmo cheio de qualidades, era de uma aparência simples e nada chamativa, tinha
seu charme, mas não se comparava ao dela.
Contava
também com a ajuda de um amigo, o único que sabia de seus sentimentos por
Marcelle. Sentimento esse que era realmente amor, mesmo sem terem conversado
muitas vezes.
—
Você precisa criar uma oportunidade para falar com ela, Louis. – era o conselho
do amigo.
—
Concordo, mas eu nunca sei o que ou como falar, ela parece sempre tão distante.
—
Ora, aproveite a oportunidade dela estar na sua casa, se não conseguir, ao
menos na hora de ir embora ela falará com você.
Marcelle
e suas amigas estavam na casa dele, em uma festa, e o amigo tinha razão, ela
era educada e com certeza iria se despedir do anfitrião.
Louis
encarava a garota à distância, não ousava se aproximar e estragar aquela imagem
mágica que se dava ao redor dela. Mas ele sabia que logo chegaria o momento e
ele estava preparado para falar o que fosse preciso.
Ela
tinha os gestos cheios de delicadeza: a forma como gesticulava com as amigas,
como olhava com intensidade ao prestar atenção no que quer que fosse, ou como
passava os dedos entre as madeixas do cabelo que escapavam de trás da orelha,
onde ela os acomodava.
Às
vezes seus olhares se encontravam, ela sorria tímida e desviava como se
estivesse numa alucinação, não acreditando que ele a encarava. Louis era muito mais
popular que ela, apesar de tudo.
Marcelle
era sempre aquela que ficava em silêncio e prestava atenção em tudo, sem
interferir, a não ser que alguém direcionasse sua fala para ela, e apenas para
ela. Ai então ela responderia com afinco, deixando clara sua opinião, mas ainda
com medo de errar ou de tremer a voz. Não gostava da atenção, já a tinha demais
pela aparência.
Desejava
apenas que gostassem dela, e que encontrasse seu verdadeiro amor, mesmo sem
coragem para tomar as rédeas das situações.
Era
inteligente, mas covarde. Frágil, para usar uma palavra mais pacifica. Enquanto
ele parecia cheio de coragem, falava alto e estava sempre rodeado de amigos,
também inteligente, mas cada um a sua maneira.
Mal
sabia Marcelle que, quando se tratava do romance, na verdade era tão tímido
quanto ela. Se não até mais, tinha medo de se envolver, mas por ela desejava
tomar aquela iniciativa e conquistar a garota dos contos de fadas para si.
—
Convide-a para sair, só os dois, assim terão a chance de se conhecerem melhor.
– aconselhou o amigo mais uma vez, no final da festa.
—
Ah, você deveria vê-la. – falou ao amigo pelo telefone. – Ela está tão
radiante, com o cabelo solto e uma blusa verde contrastando com a pele clara.
Marcelle
estava no cômodo ao lado, esperando para se despedir de quem faltava, o
anfitrião. Era a única de verde na festa, e sua audição mesmo que não fosse
apurada poderia distinguir as palavras de Louis.
Olhou
um tanto nervosa, achando que aquilo deveria ser uma piada qualquer, sem
acreditar que falava dela para o amigo.
Louis
encarava a garota não tão distante, dessa vez teria que se aproximar e estragar
aquela imagem mágica que se dava ao redor dela. Ele deu alguns passos em sua
direção, ficando perto o suficiente para tocá-la se levantasse o braço.
Os
olhos claros encaravam de volta, um tanto assustados e nervosos. As bochechas
mais coradas que o normal, o corpo, porém, imóvel, deixando que o dele se
mantivesse perto.
—
Já estou indo. – a voz saiu um tanto trêmula. – Me diverti bastante, desculpe
se deixamos alguma bagunça na casa.
Louis
suspirou, não fora daquela forma que imaginara como a conversa iria começar,
mas não poderia deixar a oportunidade passar, além disso, ela também merecia
uma explicação, mesmo fingindo que não escutara nada.
Marcelle
abraçou-o, um pouco nervosa, para despedir-se como faria com qualquer
conhecido. Entretanto, ele passou o braço pela cintura da garota e prendeu-a
junto de si.
—
Não me importo que deixe a casa bagunçada, desde que venha para me visitar. –
ele falou em tom de brincadeira, tentando deixar a voz como nos flertes que
direcionava a garotas que não o deixavam nervoso.
Aproximou
o rosto e encostou seus lábios nos dela, avaliando o quanto ela queria aquilo.
Marcelle não desviou o rosto, atitude que fez com que Louis intensificasse o
beijo.
Ela
virou o rosto depois de alguns instantes, separando seus lábios. Porém não
libertou o corpo, apenas encostou a cabeça no ombro do rapaz. A garota também
gostava dele.
—
Não podemos fazer isso, Louis. Você não é um desconhecido que posso fingir
nunca ter visto antes, como vou olhar em seus olhos quando nos encontrarmos
depois? – perguntou com a voz baixa, tímida.
—
Se não der certo, pode fingir que nada aconteceu se te fizer sentir melhor.
Você é como uma princesa, e eu talvez pareça com um sapo, mas se me der uma
chance, posso mostrar o príncipe que há dentro de mim.
Marcelle
suspirou um tanto nervosa.
—
Tudo bem, tenho um compromisso amanhã de noite, posso te ligar depois e vamos
comer em algum lugar.
Era
a chance que ele precisava. A oportunidade de Louis mostrar que poderia ser o
príncipe para aquela garota dos contos de fadas, o verdadeiro amor que aquela
princesa procurava.