sábado, 21 de junho de 2014

Tudo bem?


— Tudo bem?
— Sim. – respondeu rápido, rápido demais.
— Mesmo?
— Melhor parar no sim.

(silêncio)

— Quando paro pra pensar sobre isso, já não sei. Mas tá tudo bem, é só não perguntar.

(silêncio)

— Sério, to bem mesmo.
— Quem você tá tentando enganar?
— Você?
— Eu não.
— Talvez eu mesma.
— Talvez.
— Enfim, tudo bem?

sábado, 14 de junho de 2014

Coralões


Para o coisongo, porque você sempre ajuda a tapar os furos do meu coração.
Te amo. Sempre. ♥


A gente nasce com o coração inteiro, livre pra voar e cheio pra ficar sempre flutuando, preso pelas mãos como um balão daqueles que buscam sempre o céu.

No começo, eles são perfeitos, puros e ingênuos, acreditando que nada no mundo pode machucá-los. Acreditando que vão permanecer sempre imaculados e bem cuidados.

Ledo engano.

Logo mostramos nosso tesouro aos outros e em pouco tempo nos vemos com um coração todo machucado. Cheio de cicatrizes e furos tapados com duréx. Ele continua se esforçando pra voar, mas o ar vai escapando um pouco a cada furo, tornando-o murcho mesmo depois de remendado.

Alguns têm a sorte de achar uma boa alma que consiga gás para enchê-los de novo. Outros só o escondem para que ninguém veja o tesouro destruído. E alguns também tentam mantê-lo flutuando com o próprio ar, soprado direto dos pulmões.

Mas oxigênio não faz balão nenhum flutuar. E às vezes não conseguimos encontrar a fonte do gás antes de desistirmos e escondermos nosso coração.

Outras vezes, mesmo enchendo-o de todas as formas possíveis, mesmo produzindo sua própria fonte de gás, às vezes os machucados são tantos que nem duréx nem fita crepe conseguem repará-lo.

Às vezes o balão tem tantos furos que não podemos mais repará-lo. Às vezes a melhor solução é desistir, escondê-lo ou desistir de fazê-lo voar. Às vezes nosso coração murcha e a gente simplesmente não sabe mais como concertar ele sozinho.

Às vezes a gente cansa de acreditar que ele pode voar.

Às vezes a gente o deixa cair e cai junto, na realidade: coração não é balão. Coração não voa nem fura, ele só bombeia sangue – e até nisso chega uma hora que ele falha.