domingo, 28 de abril de 2013

Vida de Vela

por M. Deméter


Bom, esse post está um tanto quanto atrasado, mas é o que dizem: antes tarde do que nunca.
Eu prometi pra alguns que um dia sairia, e saiu. (:

Post comemorativo de 1.000 visualizações (que já são mais que 1.000)




Estavam dentro de um ambiente fechado, com um cheiro forte e vozes ao fundo. Vozes e risadas, intercaladas.

— Ouvi dizer que ela quer finalmente comemorar a data especial. – falou Blue.
— Já era hora, não é mesmo? Depois de mais de um mês, está um pouco atrasada.
— Pink, mas foi muito melhor assim, pelo menos tivemos esse tempo de atraso para viver um pouco mais de nossas vidas.
— E qual o objetivo de viver nossas vidas? – questionou, franzindo o cenho.
— Ora, não interessa o objetivo...

A voz ao fundo parou. Dessa vez o som eram passos se aproximando. Blue olhou ao redor, assustado, e depois continuou.

— Interessa que a vida é nossa e temos direito de vivê-la.
— Mas existimos apenas para comemorar esses momentos, não temos nossa vida para viver, nascemos apenas para queimar, Blue!
— E se eu quiser viver para viver? E não apenas para queimar pela comemoração dos outros?

Os passos pararam muito próximos. Uma gaveta se abriu, por sorte, não a deles.

— Imagine que depressivo seria se Faísca também pensasse assim, ele dura apenas alguns segundos depois de aceso. Você deveria estar feliz por poder comemorar várias vezes e com vários humanos diferentes, em vários tipos de datas e coberturas.
— Pois não fico, quero uma vida só minha, quero ser esquecido no fundo da gaveta ou perdido numa sacola rasgada. Prefiro isso a sentir o fogo queimar na minha cabeça!

A gaveta se fechou e dessa vez, com o som de outra se abrindo, a ambiente se movimentou, chacoalhando um pouco e ficou totalmente iluminado.

— Não é possível, Blue, devem ter errado na sua fabricação. – gritou Pink, enquanto a mão se aproximava.
— É mesmo, talvez eu não sirva para ser uma vela, talvez eu devesse ser como eles: humanos, com isqueiros em mãos prontos para queimar criaturas como você e Faísca!

Os dedos chegaram. Agarraram os dois.
Segundos depois, Blue foi deixado de lado na mesa enquanto Pink foi colocada em cima de uma cobertura toda colorida, o fundo branco e desenhos em tons delicados com letras desenhadas sobre as cores.
Seus pés encheram-se com o chantilly, a mão se aproximou mais uma vez, acendeu o isqueiro e o fogo queimou a cabeça toda rosada dela enquanto as vozes voltavam, cantando um ritmo alegre.

— Parabéns pelas mil visualizações. – um dos convidados falou logo depois da canção.

Blue apenas olhava, agradecendo por não ser ele a primeira opção, e ainda revoltado com sua existência.


domingo, 21 de abril de 2013

The Spring’s Winter

por M. Deméter

Bom, esse texto foi feito primeiramente como presente para o meu amigo homônimo ao protagonista, mais conhecido como Diones. (:

Segundamente, foi feito com o tema do mês do grupo Céu Literário, que é uma rede de divulgação de blogs de literatura, por isso, vou colocar no final alguns links de outras pessoas/blogs que escreveram com o tema

Espero que gostem. (e comentem, seus lindos)



Rússia, século XIV. O jovem soldado Huirian Suzin percorria a planície coberta pela neve. Os passos se davam numa marcha lenta e difícil, os pés afundando naqueles flocos brancos que caiam do céu e se acumulavam no solo.
Estava andando rodeado pelo vento severo do inverno já há alguns dias, fora enviado para a guerra já há alguns meses. O rapaz vivia numa pacata cidade russa, uma noiva o aguardava, junto com pais preocupados e um irmão caçula que o idolatrava. Contudo, não poderia ter dito não ao seu governo quando a carta do exército chegou, assim como muitos, ele era dotado de um patriotismo que marcaria seu destino.
Perdeu-se de seus companheiros de pelotão quando estavam envolvidos numa armadilha do inimigo. Balas de diversos tipos corriam no ar sem rumo certo, os soldados imitavam o movimento em busca da liberdade e da vida. Não era de se admirar que o protagonista tenha escolhido um caminho diferente dos outros, assim como muitos também estavam vagando sozinhos pela região, bastava apenas sobreviver tempo suficiente para encontrá-los.
Sobreviver, esse era o problema. Como sobreviver sem nenhum estoque de mantimentos naquele inverno bruto? Nem mesmo os nativos conseguiam suportar a neve e o vento sem comida e trocas de roupas, afinal, fora esse mesmo o erro de grandes impérios em tempos passados e futuros.
Entretanto, os dias passavam e Huirian não conseguia encontrar mais nenhum soldado de seu pelotão, começara a ficar preocupado com seu destino no dia anterior, quando a bota começava a mostrar sinais de que logo mostraria um furo no tecido. Ele não tinha muito tempo sozinho, e os inimigos continuavam a espreita, estes o russo já havia encontrado aqui ou ali algumas vezes, enquanto escondia-se.
Enquanto isso, na cidade a senhorita Michllat recebia uma carta explicando que o noivo havia se perdido do grupo e ainda não fora encontrado – duvidava ela que ao menos estava sendo procurado, muitos acabavam com o mesmo destino e ela sabia bem que não poderiam ir atrás de todos em tempos de guerra –, rezava todas as noites pedindo que por algum milagre que fosse seu amado fosse encontrado vivo pelos aliados.
O inverno estava se transformando em primavera e, nos locais mais quentes do país, já era possível detectar a neve derretendo e algumas plantas lutando para germinar.
Na região em que Huirian se encontrava, porém, o clima era muito mais austero e as plantas não tinham espaço para crescer ainda.
O soldado já abandonara a esperança, perdera a conta de quantos dias haviam passado, escondia-se na floresta e movimentava-se pouco, tentando evitar as rajadas de vento que estavam presentes fora da proteção das árvores. Seus ossos começavam a marcar sobre a pele, devido à falta de comida, e as armas já estavam sem munição alguma.

Rússia, 8 dias depois. Era noite, o céu estava limpo e estrelado, como se as flores que não conseguiam nascer através da neve decidissem ir para cima e brotar como estrelas, irradiando beleza e iluminando a noite.
Lá em baixo, já não numa planície, mas numa clareira com vista para a lua cheia, Huirian Suzin movimentava-se com dificuldade, tentando não fazer barulho e conseguir o primeiro animal que vira na semana, uma fonte de alimento.
Um pouco acima, entre as árvores, um soldado fazia guarda do acampamento inimigo. Apesar de parecer fraco e não oferecer perigo, Huirian ainda era um jovem russo, e vestia o uniforme de seu país.
O inimigo avistou um leve movimento da clareira, mirou a arma carregada e reconheceu o uniforme.

Atirou.

A neve manchou-se de vermelho, quando o sol nasceu escondendo as estrelas, o vermelho ainda brilhava em contraste com o branco.
Na cidade, a noiva receberia outra carta, em plena primavera. Uma mensagem que faria com que aquele ano todo fosse um inverno para sua alma, um inverno muito mais rigoroso e que demoraria muito mais para terminar.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Tique. Taque.



Esse texto foi escrito como presente de um amigo secreto, por tanto, ele é pra Flávia Amaral e só pra ela. (:
Além disso, tenho que agradecer a Rai porque vixe, não ia saber o que fazer sem a ajuda dela, obrigada por me dar tantas dicas, sogrinha <3
E a foto é minha também, tudo original aqui. o/ (tirando a Alice -q)





O relógio continuava com aquele seu tique-taque irritante e incansável, sem nunca parar. Ora, mesmo depois dela desejar tantas vezes que ele quebrasse e simplesmente emudecesse. Era um grande atrevido aquele relógio, isso sim, queria era ser maior que todos os outros sons, mas coitado, era tão baixinho que pra recompensar não parava nunca.

Continuava sempre. Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque.
Tique.

E foi entre um desses barulhinhos infernais que ela o viu. Ali, parado a sua frente apenas esperando ser notado. Esperando que sua criadora enfim voltasse sua atenção para ele, que esquecesse o maldito relógio e olhasse logo para ele. E ela finalmente olhou.

– Ah, até que enfim eu mereço um pouco de sua ilustre atenção, Flávia. – foram suas primeiras palavras, ou pelo menos as primeiras que ela percebeu.

Em resposta houve apenas um olhar confuso, como que pensando: Ora, quem é essa tal de Flávia que ele se refere? E só, nenhuma palavra, ela apenas desviou o olhar novamente para o relógio.

– Não me venha com mais uma sessão de relógio, por favor. É com você mesmo que estou falando. – agora seu tom transparecia alguns sinais de nervosismo.
– Como pode estar falando comigo quando chama por um nome que não me pertence? – ela enfim falou.
– Ah, sim. Como pude me esquecer? É Alice, não é?
– Exato. – sua pequena afirmação estava carregada por um tom um tanto quanto alucinado. – E você é?
– Ora, ora. Minha cara, se você fosse mesmo Alice saberia muito bem quem sou. Sou o Valete de Copas, mas você pode me chamar de Jack.
– Jack. – ela pronunciou aquela palavra como se fosse a mais poderosa entre todas que existiam no dicionário, seus olhos castanhos por um momento vagando pelo quarto como que em busca de uma lembrança perdida entre um Tique e outro Taque.

O Valete apenas esperou, deu o tempo que ela precisava para que lembrasse, ou ao menos o tempo que ele considerava o necessário. Flávia continuava admirando o quarto com seu olhar perdido, tentando enxergar algo além daquelas paredes brancas e sem graça.

Tique.

Ela piscou uma vez como se de repente algo fizesse sentido dentro de sua mente.

– Jack. – agora sua voz foi carregada de amor.
– Não querida, infelizmente, não esse Jack. O Jack que você amou não existe mais, ele é o motivo de você estar aqui. Tente se lembrar, esse é o motivo de eu estar aqui.
– Jack. – na terceira vez a palavra saiu acompanhada de uma lágrima.

Ele aproximou-se dela, sentou no canto da cama e passou os dedos delicadamente pelo rosto de Alice, enxugando sua lágrima.

– Alice, não chore. Que tal um pedaço de torta? Será que te fará mais feliz?
– Não, obrigada. – ela sorriu pelo gesto de carinho.
– Você se lembra dele? Preciso que se lembre, assim finalmente poderei libertar você e também todos do meu reino, os quais estão presos aqui junto comigo.

O Valete continuava com sua mão no rosto da garota, vendo que ela hesitava em responder, aproximou-se de seu rosto lentamente.
Flávia sentiu sua respiração calma e o olhar perdido voltou-se para aquele rosto, parou um instante na cicatriz desenhada em torno de seus olhos cada vez mais próximos. Tempo necessário para que sentisse seus lábios se encontrando.
Ela fechou os olhos e aproveitou a firmeza daquele beijo repentino. Sua pele era fria, tanto os lábios como a mão que segurava seu rosto.

– Acorde, querida Alice. – ele falou ainda muito próximo dela, fazendo com que ela respirasse seu hálito doce.

E então ela se lembrou realmente de seu Jack, aquele que havia amado e que não estava mais com ela. Lembrou-se de ter sido levada para aquele quarto branco, para perder-se completamente.
Abriu os olhos, finalmente desperta, mas ele já não estava lá. O Valete havia se despedido com aquele toque de lábios, e havia também trazido-a de volta.

– É Flávia, não Alice. – ela respondeu para a lembrança dele que ainda vivia entre as paredes brancas, acreditando que suas palavras pudessem encontrá-lo como um gesto de despedida e de agradecimento.

domingo, 28 de outubro de 2012

O Futuro do País


Para todos, e para ninguém.




É engraçado como todos falam que os jovens são o futuro da nossa nação, engraçado, porém ainda real, eles de fato o são. Contudo, a questão é: o que será que essa geração está guardando em baixo da manga para esse tal de futuro que parece nunca chegar?
Ora, parece estranho pensar sobre isso? Não é, vejam só o que está geração faz – talvez como tentativa de adiar o futuro – na época atual. É preciso que eles sigam um padrão, pois sem isso se tornam chatos, responsáveis, e por que não dizer, adultos demais. É preciso beber, é preciso beijar, é preciso aproveitar a vida sem se preocupar com os resultados que suas ações irão causar. E ai de quem se recuse a encaminhar seus atos por essa trilha pré-determinada.
Ah, sim, é preciso seguir o padrão da irresponsabilidade. Está é a lei vigente, não seguir regras – ou pelo menos não as regras que não são feitas por eles mesmos.
Então, garota, se vista com sua saia mais curta, seu salto mais alto, e não se esqueça de fantasiar-se de maquiagem. E claro, um sorriso no rosto para provar a qualquer um que sua vida é perfeita e que assim como todos, você não se importa com nada.
Então, garoto, seja mesmo um canalha, critique todas as garotas por se oferecerem e corra atrás de todas, fique bêbado, muito bêbado, assim você conseguirá ficar com as feias também – feias segundo os adjetivos atribuídos pela sociedade, mas ainda assim, feias.
E assim vamos seguindo, esperando que a próxima geração faça do país algo melhor. Que faça dele algo diferente do que os tais políticos absurdamente corruptos fazem, dos quais eles tanto reclamam.
Ou melhor, esperando que a próxima geração venha, porque dessa é melhor não esperar muito.

sábado, 13 de outubro de 2012

Um abraço para V.



Keep me in your memory
Leave Out All The Rest – Linkin Park

Ele apenas esperava pelo momento em que ela fechasse os olhos, pelo momento em que ela entrasse em seus sonhos. Felipe observava pacientemente, tudo estava preparado e aguardando sua chegada, os sonhos já estavam forjados há muito tempo.
Afinal, ele nunca poderia esquecê-la.
O vento soprou forte e junto com ele Vivian chegou, seus fios ruivos açoitando o próprio rosto, a feição surpresa que o moreno tanto apreciava. Ah, como ele adorava aquela sensação de deixá-la sempre curiosa, aquele modo como apenas ela o enxergava – como se estivesse envolto num véu de mistérios. E como ao mesmo tempo odiava as repostas que um dia teria que dar a ela, como odiava seu próprio modo de ser, como odiava fazê-la conviver com tantas dúvidas.
Felipe caminhou até ela sem se preocupar em esconder-se, apenas permitiu que seus passos o conduzissem para um abraço que desejava já há algum tempo. Já há muito tempo.
Seus braços apertaram o corpo frágil da garota, livrando-a de qualquer pensamento que pudesse magoá-la, pelo menos naquele momento. Um abraço que era como um pedido de perdão pelas dúvidas que obrigava Vivian a encarar, pelos sentimentos que sabia que estava despertando nela, aqueles que ela simplesmente tentava evitar.
Deixou seu rosto apoiado ao ombro da ruiva, sentindo a respiração ofegante dela em sua pele por alguns instantes. Afastou-se então e acariciou sua face com os dedos, a pele dela era fria, como sempre, oposta à temperatura da dele.
O rosto de Vivian era apenas dúvida. Nenhuma palavra saia de seus lábios entreabertos.

– Desculpe-me pela carta. – ele finalmente falou.
– Senti sua falta. – a voz dela era doce.

Felipe encarou Vivian tentando decidir o certo a fazer, tentando conviver com aquele impasse que apenas ela era capaz de produzir. A dúvida entre o que ele queria e o que ele devia.
Ele aproximou-se dela mais uma vez, deixando-a sentir o calor que emanava de seu corpo. Levou os lábios até seu rosto, deixou um beijo um pouco acima daqueles olhos tão verdes.

– Acredite, também sinto a sua, mas preciso ir.
– Mas você disse que eu podia encontrá-lo sempre que desejasse. – a reposta veio quase desesperada.
– E pode, apenas não sabe ainda como fazê-lo.

Vivian fechou os olhos e suspirou, tentando decidir se tinha raiva ou não daquele garoto. E antes de chegar a uma conclusão, antes de abrir os olhos e vê-lo mais uma vez, ele já não estava lá.

– Não se esqueça de mim. – foram suas últimas palavras naquele encontro.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sobre (ir)realidades



Para Lisa, porque ela sempre me faz escrever, porque ela me inspira, porque ela merece. E claro, porque realmente tento ser uma mãe pra ela. Te amo, minha monstrinha.



Porque ouvi dizer que os romances são mentiras.

Ora, é tão comum falarem que as histórias dos livros ou filmes são irreais, ilusórias, que não se deve acreditar nelas. “Contos de Fada” é o que dizem. Todo o tempo. Mas sabe de uma coisa? Não acredito que alguém seja capaz de escrever algo totalmente inventado, totalmente fora da realidade, totalmente uma mentira.
Sim, não acredito nem um pouco. Afirmo por mim, pelo meu mundo e por todos os personagens que encontro ao meu redor, aqueles os quais eu conheço. Tanto pelos que vejo em mim, como também pelos que visualizo em amigos. É tão fácil relacioná-los aos seus donos – ou talvez eles é que sejam os donos.
Não há como ser uma simples invenção, porque as palavras surgem de dentro do criador, de acordo com sua vivência. Até mesmo por isso é que cada um tem um estilo próprio. Então quando vejo um poema apaixonado, ou um romance romântico, cheio de declarações e citações bonitas, eu acredito em parte neles.
E cuidado, não se engane. Em nenhum momento falei que eles são um retrato perfeito da realidade. Não coloque em minha boca palavras que não escrevi, é claro que não é assim o tempo todo, é claro que podem existir momentos de decepções, discussões, brigas. A vida não é perfeita. Estou apenas dizendo que podem existir também os momentos românticos, as declarações e as citações.
As pessoas escrevem com base no que elas conhecem. Inventando um pouco, misturando um pouco, tirando um pouco, mas ainda assim, não deixando de ser uma mistura de realidades, das suas realidades.

É simples, acredito no amor. Nem que seja apenas o meu amor.