sábado, 14 de junho de 2014

Coralões


Para o coisongo, porque você sempre ajuda a tapar os furos do meu coração.
Te amo. Sempre. ♥


A gente nasce com o coração inteiro, livre pra voar e cheio pra ficar sempre flutuando, preso pelas mãos como um balão daqueles que buscam sempre o céu.

No começo, eles são perfeitos, puros e ingênuos, acreditando que nada no mundo pode machucá-los. Acreditando que vão permanecer sempre imaculados e bem cuidados.

Ledo engano.

Logo mostramos nosso tesouro aos outros e em pouco tempo nos vemos com um coração todo machucado. Cheio de cicatrizes e furos tapados com duréx. Ele continua se esforçando pra voar, mas o ar vai escapando um pouco a cada furo, tornando-o murcho mesmo depois de remendado.

Alguns têm a sorte de achar uma boa alma que consiga gás para enchê-los de novo. Outros só o escondem para que ninguém veja o tesouro destruído. E alguns também tentam mantê-lo flutuando com o próprio ar, soprado direto dos pulmões.

Mas oxigênio não faz balão nenhum flutuar. E às vezes não conseguimos encontrar a fonte do gás antes de desistirmos e escondermos nosso coração.

Outras vezes, mesmo enchendo-o de todas as formas possíveis, mesmo produzindo sua própria fonte de gás, às vezes os machucados são tantos que nem duréx nem fita crepe conseguem repará-lo.

Às vezes o balão tem tantos furos que não podemos mais repará-lo. Às vezes a melhor solução é desistir, escondê-lo ou desistir de fazê-lo voar. Às vezes nosso coração murcha e a gente simplesmente não sabe mais como concertar ele sozinho.

Às vezes a gente cansa de acreditar que ele pode voar.

Às vezes a gente o deixa cair e cai junto, na realidade: coração não é balão. Coração não voa nem fura, ele só bombeia sangue – e até nisso chega uma hora que ele falha.


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Tem horas que é preciso escrever

Conto postado anteriormente na Amora Literária. Passa lá (:

Tem horas que ler não adianta, é preciso mergulhar nas próprias sensações e colocar os pensamentos para fora.
É preciso livrar-se deles para sempre, jogá-los ao mundo e distribuí-los com os outros. Deixar uma parte dele em cada um, para que reste apenas um pedacinho em si mesmo.
Para isso, ler não adianta. Tem horas que é preciso escrever.
Ler pode ajudar. Fazer a mente vagar por outros mundos e até conhecer outras paixões – pegá-las emprestadas e fingir que são suas até o livro se fechar.
Entretanto, depois de distanciar-se das páginas, você continua com suas próprias paixões. Por isso, às vezes é preciso mais que livros.
Escrever, por outro lado, é colocar você mesmo em palavras. É misturar-se em cada fala, cada cena, cada personagem. Ser todos e ao mesmo tempo nenhum, para não revelar-se por inteiro – afinal, não teria graça se todos conseguissem te ver sem reconhecerem a si mesmos.
Escrever é destrinchar seus sentimentos, dividindo-os entre a mente de suas criações e completando-os com ilusões.
O resultado é você. Contudo, são vários tipos diferentes de você, e nenhum deles é completo. Assim, nenhum deles é realmente você, mas tudo aquilo junto... Ah, aquilo faz parte de quem você é.
Por isso, às vezes ler não é suficiente, tem horas que é preciso escrever. E aquele momento era um deles, então ela escrevia:

“Tem horas que ler não adianta...”

E o resto da história é você.

domingo, 2 de março de 2014

O Teorema de Katherine, John Green

“Namoros, no fim das contas, acabam de um só jeito: mal. Se você pensar bem, e Colin sempre fazia isso, todo relacionamento amoroso termina ou em (1) rompimento, (2) divórcio ou (3) morte.”

O Teorema de Katherine conta a história de Colin, um garoto prodígio super inteligente e fascinado por anagramas (♥) que só namora Katherines (por enquanto). Foram 19 até o começo do livro, e a XIX acaba de terminar com ele, como quase todas fizeram.
Colin sai em uma viagem de carro com seu melhor amigo, Hassan, buscando alguma aventura que o faça esquecer Katherine XIX e deixar a tristeza de lado. E preciso dizer que o Colin me cativou completamente. Um menino todo apaixonado e cheio de amor pra oferecer, e ao mesmo tempo um terminado* nato.

 “Chorar é algo a mais: é você mais as lágrimas. Mas o sentimento que Colin carregava era um macabro choro ao contrário. Era você menos alguma coisa.”

É durante essa viagem que os dois amigos acabam chegando a Gutshot – uma cidadezinha mantida por uma fábrica têxtil e cheia de pessoas simplórias e gentis – e conhecem Lindsey, que logo faz amizade com os dois e tem um papel importante na história.
Em Gutshot, Colin tem seu momento eureca e decide criar um teorema que prevê os relacionamentos, tentando estimar quando tempo um casal passaria junto e quem terminaria a relação. Teorema esse que, acreditava Colin, traria sua última Katherine de volta.

“A distância que separava Colin e seus óculos permitiu que ele percebesse qual era o problema: miopia. Ele tinha a vista curta. O futuro jazia à sua frente, inevitável mas invisível.”

Talvez toda essa história pareça apenas um romance bobo, mas acontece que Colin é incrível e John Green um escritor com uma narrativa gostosíssima. Assim sendo, as palavras vão fluindo de forma agradável e quando você percebe já está todo envolvido pelo livro.
 A obra não é nenhum drama mega chorante como A Culpa é das Estrelas, mas também tem suas qualidades e seus momentos especiais. Além disso, o casal principal também tem uma fala muito parecida com o “Ok? Ok.” do outro livro, mas nesse é apenas “Oi. Oi.”, o que pareceu um pouco engraçado e um pouco repetitivo para mim.

“Não acho que nossos pedaços perdidos caibam mais dentro da gente depois que eles se perdem.”

Mas no final vai além de um romance bobo e acaba com uma reflexão sobre o futuro e as oportunidades que temos na vida. E como às vezes nos prendemos no passado e deixamos as coisas boas passarem sem ao menos notar.
O Teorema de Katherine é leve. Não é incrível, mas é uma boa sugestão para aquele momento entediante ou para intervalo entre livros mais pesados (seja no tema ou no tamanho).

“Ele pensou na distância que há entre o que lembramos e o que aconteceu, na distância entre o que prevemos e o que vai acontecer. E no espaço criado por essa distância, Colin pensou, havia espaço suficiente para se reinventar... espaço suficiente para se tornar algo, que não um prodígio, para refazer sua história de um jeito melhor e diferente... (...) Havia espaço suficiente para ser qualquer pessoa – qualquer uma, exceto a que ele já fora, porque se tinha uma coisa que Colin havia aprendido em Gutshot, era que não se pode impedir o futuro de acontecer. E, pela primeira vez na diva, Colin sorriu pensando no futuro infinito que se descortinava à sua frente.”


* Terminado é o termo que Colin inventa para designar aquele que tem seu relacionamento terminado. O contrário de Terminante, que é quem termina. 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Diálogo

Um dia me disseram que texto que vem assim sem querer não deve ser editado porque perde o sentido.

Esse é daqueles que vem quando a gente deita pra dormir e pensa.
E não largam enquanto a gente não levanta e grava.
E deixam quando a gente deita pra pensar e dorme.
Porque quando a gente deita pra pensar, a gente edita.
E quando a gente edita deixa o sentido dele existir de lado.

Esse é pra Raíssa Andrade, porque se não fosse por ela eu ia editar e ele não ia existir mais.


— Você me ama?

— Eu amo a ideia de te amar e de você me amar de volta. Mas se eu te amo e se você me ama de volta? Isso é outra história.

— Eu acho que te amo de volta.

— E mesmo assim não quer assumir seu amor?

— Não.

— Por quê?

— Tenho medo de você não me amar primeiro.

— Então que tal a gente descobrir se a ideia é verdadeira enquanto a gente permanece sem ficar?

— Mas ficar é permanecer.

— Então a gente fica no sentido literal.

— Acho bom. A literatura sempre foi nossa mesmo.

— Então a gente fica no sentido literal, até sair do livro e virar real.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A garota das palavras




You speak in words without a sentence
You're the ghost that haunts me without a presence
(Gabrielle Aplin – Let me in)


A garota mantinha-se no canto, apenas observando, com a folha ainda em branco descansando sobre suas pernas cruzadas. O chão duro nunca fora um desconforto para ela, o único problema eram as palavras e pensamentos que não conseguia transcrever para o papel.

Palavras. Achava que sempre tivera dificuldade com elas, mesmo quando todos diziam o quão bem ela conseguia manipulá-las. Manipulá-las, pensava ela, como era um absurdo alguém supor que palavras poderiam ser manipuladas. Elas apenas eram, por conta própria e numa vontade completamente desprovida de sentido. Elas apenas surgiam de lugar nenhum para acabarem em lugar algum.

Mas ela queria que deixassem lugar algum e terminassem em algum lugar. Queria escrever uma história encantada sobre criaturas mágicas pairando sobre sonhos reais. Queria desenvolver as ideias que já vagavam em sua mente e, ao mesmo tempo, teimava em deixar as velhas de lado e agarrar-se àquelas novas que nem existiam ainda. Talvez apenas quisesse entender o que queria.

Talvez só precisasse colocar todos aqueles talvezes no papel em branco e deixar-se mergulhar naquela história ainda sem enredo sobre as criaturas fantásticas. Talvez estivesse mais uma vez cansada do tão intenso talvez. Talvez devesse apagar a palavra talvez do dicionário de uma vez.

-

Ele fingia esconder seus pensamentos nos livros enquanto imaginava o que tanto a garota divagava. Os olhos dela estavam sempre acompanhando-o para onde fosse, mas sabia bem que na verdade não o notava com nitidez. Era mais como se estivesse num canto da visão periférica: podia ser constatado, mas não focalizado, e menos ainda entendido. E menos ainda compreendido.

Ele sim a observava. Percebia-a com uma clareza quase absurda. Sabia muito bem que logo a mão começaria a se mover, riscando palavras que nunca pode ler. Palavras que tanto queria ler.

O que não sabia era que na verdade a mão dela não riscava palavra alguma. Que na verdade era sim observado, notado, focalizado e todo o resto. O que não sabia era que ela só continuava lá no chão duro para vê-lo em meio aos devaneios.

-

A garota levou a caneta até o papel e começou a rabiscar o que ele achava serem palavras. Baixou um pouco o rosto, mas manteve as pálpebras bem abertas, analisando a imagem que passava dos olhos para os dedos.

Por mais que a descrevessem até mesmo como escritora, para aquelas folhas em branco preferia sempre as imagens. Tentara com palavras, mas elas pareciam sempre soltas em frases ainda mais soltas. Elas nunca foram capazes de transcrever a realidade desenhada em sua frente.

Eram queridas, as palavras, mas elas não poderiam descrevê-lo. Na verdade nem o desenho podia, mas através dos traços podia prestar atenção nos detalhes e na visão que era apenas dela.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Fantasma da Fada

Esse conto foi feito como presente de amigo secreto para a Lívia Garcia e os personagens são de Cyan (um projeto de livro que ainda estou desenvolvendo), portanto, algumas informações podem estar confusas para os que não sabem sobre sua história.


— Acho que na verdade estou enganada quanto a você, criança.
— Por que todos insistem com essa coisa de criança? - reclamou.
— Porque é o que vocês todos são, mas não conseguem enxergar. Vivemos antes d’A Queda e conhecemos Cyan de uma forma que vocês nunca imaginariam. Alguns viveram mais a transição que a fase boa, mas a maioria de nós, criaturas mágicas, tivemos nossas vidas construídas enquanto o dom perdurava, e aqueles que amávamos foram tirados de nós durante a transação.
— Os humanos também sofreram perdas.
— Mas são nossas espécies que estão sob ameaça, e as nossas famílias é que foram destruídas.
— Não apenas as suas. – corrigiu.
— Tem razão, alguns humanos também perderam, mas diferente de nós, a morte faz parte de suas vidas com muito mais frequência. Suas jornadas são curtas e seus corpos não resistem muitos anos. As gerações mudam rapidamente e a memória também se perde com a mesma facilidade, talvez por isso algumas criaturas tenham suas reservas quanto aos humanos.
— Mas vocês também morrem.
— Sim, no entanto o curso natural é que vivamos centenas e centenas de anos, vocês mudaram isso. Vocês humanos são todos crianças para nós.

Brenton se calou por um momento, como que desistindo de retrucar ou questionar. Se os julgavam tão inexperientes e infantis, como poderiam colocar a responsabilidade dos dons sobre eles? E por que é que tal dádiva fora concedida aos humanos, tornando-os responsáveis pelas criaturas mágicas?
Seus olhos observavam a fada quase estática ao seu lado, sentada de costas para o mar enquanto a brisa balançava suas asas. Não tinha respostas para aquelas dúvidas, mas talvez estivesse fazendo as perguntas erradas.

— Por que acha que está enganada sobre mim? – ele questionou relembrando o início da conversa.
— Acho que me confundi, me deixei levar por minhas memórias e esqueci que você, por mais parecido que seja, não é aquele que uma vez esteve em minha história.

Os olhares se encontraram por um momento, o verde confuso enquanto o lilás apresentava certa inquietação. A fada sorriu e balançou a cabeça levemente, piscando as pálpebras como se alguma lágrima estivesse tentando chegar ao rosto.

— Sabia que apenas humanos se tornam fantasmas? – ela desviou o assunto.
— Não, mas sempre os imaginei como humanos.
— Apenas humanos se tornam fantasmas porque apenas humanos sentem que a vida é curta demais e preferem continuar por aqui. Nós já vivemos tempo demais e sofremos perdas demais para desejar mais tempo nesse mundo.
— E como eles são? – ele deixou a curiosidade falar mais alto.
— São criaturas amarguradas. Eles percebem rapidamente que a morte não é nenhuma punição e que a vida longa não é nenhuma dádiva. Muitos presenciam o fim de seus familiares e ficam presos em seus espectros de semi-vida.
“Cada um é feito para seu próprio tempo. Vocês são preparados para os anos que devem viver, assim como nós. É sempre um erro tentar enganar a morte, e ela sempre cobra suas dívidas.”

Liv levou a mão ao rosto cabisbaixo, os cachos volumosos escondiam seus olhos, mas Brenton tinha quase certeza que os dedos dela limpavam suas lágrimas.

— Quem é que esteve em sua história? – ele voltou ao assunto que ela parecia fugir.
— Seu nome era Bryan e ele era um possuidor antes d’A Queda. – admitiu. – Vocês se parecem em vários aspectos, não apenas no nome.

***

O ar remexeu ao redor da fada e suas asas perderam a estabilidade por um momento. Seus pés tocaram o chão e seus olhos percorreram o lugar tentando encontrar de onde viera a rajada repentina.

— Você sabe que nunca vai conseguir me surpreender fazendo esse alvoroço todo antes de aparecer, Bryan. – ela riu enquanto continuava olhando ao redor.
— Não consigo resistir, desculpe. – um sorriso enfeitava seu rosto.

Ele saiu por entre as árvores com o cabelo bagunçado e um tom brincalhão na face, como de costume. Talvez os humanos realmente fossem para sempre crianças.

— É incrível como vocês, humanos, gostam de reclamar por serem chamados de crianças quando não se importam de se comportarem como tal. – brincou.
— E é incrível como você gosta de deixar clara sua idade avançada. – replicou.

O ar se agitou ainda mais e uma corrente tirou-a do chão, suas asas foram manipuladas pelo vento e seu corpo deslocou-se graciosamente até perto dele. O vento finalmente parou.
Os braços dele envolveram-na num abraço assim que ela se aproximou, tomando cuidado para que as asas continuassem livres. O possuidor puxou-a para mais perto deixando que seus corpos se encontrassem.

— Pelo menos agora é uma criança que sabe controlar o ar com mais suavidade e não tenta arrancar minhas asas com um vendaval. – ela devolveu o sorriso.
— E por acaso a senhorita acredita que crianças podem fazer isso?

Bryan puxou-a suavemente pelo pescoço, trazendo seu rosto para mais perto dele, deixando os lábios se tocarem e mantendo-a junto de si.

***

— Ele tinha um dom raro, podia controlar o ar ao seu redor. – ela sorriu com a lembrança. – Bryan conseguia manipular outros elementos com a força do ar e também era muito útil nas batalhas, podia afastar os inimigos ou impedir que eles tivessem o oxigênio necessário nos pulmões. Mas apenas quando estavam próximos; a distância era sua limitação.
— E o que aconteceu com ele?

Ela suspirou e deixou outra lágrima escapar. Brenton aproximou-se e colocou seu braço em torno da fada, num gesto de conforto.

— Foi mais uma vítima d’A Queda.
— Sinto muito.
— Sinto muito por seus pais.

Os olhares se encontraram novamente. O verde dele no mesmo tom daquele que um dia fora humano, sempre uma recordação para a fada. Liv sorriu para o garoto quase como costumava sorrir para o homem.

— Desculpe, não deveria distrair sua mente com minhas velhas histórias.
— Acredito que eu precisava de alguma distração.
— Prometo que te apresento para ele quando voltarmos à Alvar.
— Apresenta? – a dúvida estampou-se na expressão de Brenton.
— Sim.
— Mas ele não... – ele teve receio de falar.
— Não. – ela entendeu. – Ele escolheu a amargura da semi-vida num espectro no lugar da morte.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A Fúria dos Reis, George R. R. Martin

(contém spoilers de A Guerra dos Tronos)

“Só a morte pode pagar pela vida.” (Jaqen H’ghar)

Neste segundo volume de As Crônicas de Gelo e Fogo, George Martin continua demonstrando seu talento como escritor e comprovando o motivo da série ser tão elogiada em todo o mundo.
Depois de decapitar Eddard Stark, proclamar Renly e Robb como reis e trazer os dragões de volta a vida, A Fúria dos Reis começa em meio à guerra, dor e expectativas para personagens e leitores. Um cometa vermelho brilha no céu e leva para cada um diferentes sinais, mas uma coisa é certa: O Inverno está realmente chegando.

“O inverno chega para todos nós.” (Catelyn Stark)

A guerra domina os Sete Reinos. O Rei do Inverno luta contra os Lannister em busca de vingança, Renly marcha para Porto Real querendo apenas um trono e Stannis tenta juntar um exército para conquistar o poder que acredita ser seu por direito.
Enquanto isso, Arya caminha para casa o mais rápido que pode e Sansa continua prisioneira de Joffrey. E do outro lado do mar, Daenerys cria seus dragões enquanto seus súditos diminuem a cada dia.

“Quero tornar meu reino belo, enchê-lo de homens gordos, belas donzelas e crianças sorridentes. Quero que meu povo sorria quando me vir passar.” (Daenerys Targaryen)

Quem está certo e quem está errado? Isso depende do ponto de vista e todos acreditam carregar a razão consigo. Mesmo que esta razão não seja a honra, mas sim o amor ou a autopreservação.
Afinal, como podemos culpar uma mãe por defender seus filhos e por dar a luz a bastardos quando foi obrigada a casar com um homem que não amava? Ou como negar o desejo de vingança quando seu pai ou irmão está morto injustamente?

“Lugares cruéis geram povos cruéis.” (Meistre Luwin)

E de que adianta rogar aos deuses por sucesso ou misericórdia quando cada rei acredita em uma entidade diferente e todos eles tiveram suas derrotas e vitórias? Como acreditar quando as punições vieram até mesmo para os mais fiéis e puros?
São essas questões que George Martin coloca para todos nós em sua obra e mais uma vez mostra que pontos de vista definem a opinião que se tem sobre as coisas ou o sentimento que cada um merece receber.

“Há um vazio dentro de mim onde um dia tive o coração.” (Catelyn Stark)

E dessa forma o autor constrói mais um volume incrivelmente bom e deixa uma vontade louca de pular para o próximo livro imediatamente. Uma obra escrita em torno do amor, o amor que gera o ódio, o desejo pelo poder, pela vingança ou ainda pela justiça, mas ainda assim, sempre gerados pelo amor.

“O amor é veneno. Um doce veneno, sim, mas mata do mesmo jeito.” (Cersei Lannister)