Este texto é uma Fanfiction
de Harry Potter, foi escrito em Agosto de 2011 em parceria com Dora Russel, para o desafio de Personagens Secundários, no qual foi classificado em 2° lugar.
Agradecimentos: À
Lisa, pela opinião e por ser uma amiga/filha/afilhada tão maravilhosa. E à
Frô/tia, também por ser a pessoa maravilhosa que é (estamos com saudades sua coisuda).
Como sempre, eu,
Como sempre, eu,
O símbolo sombrio de
Slytherin,
Deixava meras
lembranças
Dominarem-me.
Mais uma vez meus desejos
inomináveis fizeram-me flutuar até aquele local, parar em frente aquele espelho
secular. Mais uma vez meus pensamentos me levaram até aquela sala, apenas para
que eu pudesse olhar a superfície daquele objeto e ver nele os meus sonhos, ver
nele minhas mais profundas – e erradas – vontades.
Não era fácil
resistir,
Não era fácil lutar
contra elas.
Por isso eu me rendia
As lembranças que
jamais existiram,
Que apenas me
atormentaram.
Qual não foi minha surpresa na
primeira vez que me deparei com aquele espelho? Eu, como um fantasma, não podia
ver meu reflexo nos espelhos comuns, e muito menos naquele. Mas, ah, no Espelho
de Ojesed eu podia ver muito mais que um mero reflexo, via o que sempre sonhara
fazer, o que sempre sonhara em ter, mas que nunca conseguira conquistar.
Naquela sala eu me
satisfazia.
Tudo que sempre
sonhei,
Tudo que sempre quis,
Estava ao alcance de
meus olhos...
Mas infelizmente não
de minhas mãos.
Ela chegava como uma brisa de
verão no espelho sujo. Brilhava com seu sorriso, irradiava alegria... Ah,
totalmente diferente da Helena que conheci há muitos anos atrás. Mas eu, como
um tolo apaixonado, sempre me deixava levar por aqueles olhos calorosos, que me
aceitavam como eu nunca fui aceito quando tudo aqui era palpável.
Por mais que eu tentasse,
Não conseguia abdicar
dos meus sonhos.
Lutava todos os dias
contra aquilo,
Mas sempre acabava
voltando,
Apenas derrotado...
Por detrás do vidro nos
encarávamos com amor. Por detrás daqueles átomos mágicos de sílica¹ sua pele
tocava a minha. Meus olhos observavam – e apenas isso me era possível fazer –
seu rosto tão próximo ao meu, nossos corpos tão cheios da vida que não
possuíamos mais.
E por mais uma noite,
eu me traía.
Deixava que minhas
lembranças
Tomassem conta
daquele ambiente.
E por mais uma noite,
eu perdia a batalha,
Buscando meu inimigo
no espelho vazio.
E sabia que a cena a se aproximar
era aquela cuja eu via todos os dias, mesmo quase não resistindo ao ferimento
que ela me causava. Sabia que não demoraria a chegar o momento em que não só os
seus dedos acariciavam meu rosto. Mas também nossos lábios se tocariam.
Eu procurava apenas
pelo amor
Daquela que sempre
desejei.
E encontrava-o
sempre,
Criando a mesma cena
repetida e irreal,
Como sempre foi.
Aquela mulher que amei
desesperadamente – pela qual sacrifiquei minha vida – apenas me recompensava
com seu amor nesses momentos (ir)reais. Eu deixava que meu corpo caísse em direção ao chão frio, mas minha condição de
existência impedia-me de senti-lo, enquanto minha mente era hipnotizada pelos
lábios carnudos de minha Helena...
Ah, minha jovem e linda Helena.
Nosso encontro
encantado,
E na verdade
inexistente,
Era tudo que eu
pensava.
Seu gosto me invadia,
Mas na verdade só eu o
imaginava.
A fantasia do nosso beijo era tão
real em minha mente que eu até mesmo pensava senti-lo, porém, se não me
lembrava nem o gosto das refeições, nem os aromas das flores, como me lembraria
realmente os sentimentos do bailar inexistente de nossos lábios? Ah, não, eu
apenas sonhava que isso era possível.
Nesses momentos de
redenção,
Eu pensava estar
ficando louco de vez.
E então vinha a
realidade dura como sempre,
Mostrar-me que um
fantasma não sente
Sequer a mínima
loucura.
Desejava voltar a sentir aquilo,
e os meus pensamentos – que eram tudo que eu ainda tinha – mostravam a imagem
captada por detrás do espelho. E era também em torno de meus pensamentos que eu
mergulhava, explorava-os até o ponto de perder-me em minha própria mente. Um
fantasma louco, isso era o que eu seria caso fosse possível ser realmente algo.
Olhei em despedida
Ao espelho dos
desejos.
E então lutei contra
As lembranças que
nunca existiram.
Admirei a cena mais
um instante.
Olhei para a superfície do espelho
mais uma vez – uma última vez, ou pelo menos seria a última naquela noite – e
vi o nosso beijo ilusório, nossos lábios não ousavam afastar-se um do outro.
Ah, mas os meus olhos tinham que fugir, eu
tinha que fugir. E foi com aquela certeza que me virei renegando a imagem refletida no objeto. Foi àquela certeza
que me levou a flutuar para longe daquela sala mais uma vez.
E por mais uma noite,
Eu havia sucumbido
aos desejos antigos.
E por mais uma noite,
Eu me traí com Helena
e o eu do espelho.
E por mais uma noite,
Eu perdi a batalha
contra essas lembranças.
E, por mais uma
noite,
Eu tive a confirmação
de quão fraco
E humano ainda era.
¹ sílica é o material usado na
fabricação da maioria dos vidros.
Uau. To impressionada. *--*
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