domingo, 8 de julho de 2012

A (In)Certeza



Este texto é uma Fanfiction de Harry Potter, foi escrito em Junho de 2011 para um desafio intitulado Sentimentos, no qual foi classificado em 1° lugar.
 
Tema (sentimento): Dúvida/incerteza



Eu poderia ter me apaixonado
Eu queria ter me apaixonado
– Falling In Love – McFly –

A noite acabara de terminar naquele dia em que eu, A Incerteza, abandonei uma de minhas mais queridas vítimas. Seu nome era Ginny Weasley e, há muito tempo, ela andava de mãos dadas comigo.

Alguns meses atrás, minha querida ruiva percebeu que nutria um sentimento maior que a amizade, a pura e pacata amizade, pela garotinha chamada de louca por todos – sim, aquela mesmo que passou pela sua mente, Luna Lovegood.

A garota Weasley notava uma profunda raiva sempre que alguém pronunciava com desprezo a ofensa, “A Di-Lua Lovegood...”, ela mandava que calassem, ameaçava, xingava, e por vezes até mesmo encarava a briga. Mas isso não me impedia de habitar ainda mais seus pensamentos, ela adquiria cada dia mais e mais dúvidas.

E há algumas horas atrás, quando a noite estava apenas começando, ruiva e loira se encontraram no corredor, trocaram olhares surpresos e curiosos, trocaram também palavras gentis – como sempre faziam – e caíram no silêncio. Ginny continuou parada no corredor, ouvindo os passos de Luna se afastando, e então, como se me expulsando de si por alguns instantes, ela chamou-a sem olhar.

Quase no mesmo momento em que fui expulsa de minha tão querida vítima, a ruiva, entrei em contato com a outra, seus pensamentos, sempre tão complicados e rápidos, calculavam os motivos do chamado. A Lovegood piscou uma vez e balançou de forma afirmativa a cabeça.

Abandonei mais uma vez a loira e voltei a segurar a mão da Weasley.

Elas andavam pelo corredor procurando um local tranquilo e solitário. Enquanto isso, eu lia os pensamentos de Ginny, ela refletia sobre várias coisas, o amor, a reação da família ao descobrir suas preferências, o preconceito que ela mesma teria que abandonar – o mesmo que teimava em admitir que existisse – e tantas outras coisas. Ela sabia muito bem o que era aquela sensação quando estava com Luna, aquela vontade de tocá-la, defendê-la, abraçá-la, aquela vontade de beijá-la.

– Ginny, quer me dizer por onde vaga sua mente? – a ravenclaw perguntava com o típico olhar sonhador.

– Eu... – mas as palavras não conseguiam tomar forma em seus lábios.

Deixando o silêncio mais uma vez dominá-las, elas encontraram uma sala vazia, entraram e a ruiva cuidou de trancar a porta com um feitiço.

Seus olhares cruzaram por um momento.

Dentro de Ginny eu ainda me fazia presente. Enquanto o sol se aproximava daquele céu, a ruiva travava uma batalha interna entre a confissão e o segredo, uma batalha em que o vencedor seria a verdade, uma confissão pura e livre de arrependimentos.

– Eu preciso te contar uma coisa – as palavras enfim saíram, decididas, pela boca da gryffindor.

Luna nada respondeu.

Naquele momento, enquanto o sol mostrava sua ponta arredonda e amarela para as duas, eu fui obrigada a desfazer meu vínculo com a ruiva, e apenas me mantive no local pela curiosidade em presenciar toda a conversa.

– Certo, eu sinto algo por você, diferente do que talvez fosse esperado de outra mulher.

– Eu sei – a loira pontuou rapidamente com sua voz melodiosa.

O silêncio. O sol continuava a subir, sua ponta ia aumentando e iluminando tudo. Os olhos de Luna se apertavam um pouco devido a luz. O cabelo de Ginny, sempre tão ruivo, refletia aqueles raios brilhantes.

O nascer do sol, ele trazia as forças que a Weasley precisava para sua confissão, ele trazia também o que a Lovegood necessitava para a composição de suas respostas, de sua personalidade.

A Gryffindor tomou a coragem típica de sua casa, tomou os braços da outra garota, tomou os lábios num beijo despreocupado. Tomou o amor que sempre sonhara ser correspondido.

A Ravenclaw – preenchida pela mistura entre a surpresa e o conhecimento, preenchida pela personalidade autêntica – correspondeu ao toque, correspondeu ao beijo, mas não ao amor.

O sol agora inteiro no céu. O amor que uma sempre quis ter, mas nunca pode. O amor que outra sempre pode ter, mas nunca quis.

E foi nesse momento que me despedi das minhas tão queridas vítimas. E é nesse momento que me despeço de você.

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