domingo, 8 de julho de 2012

Devaneios

Esse texto foi escrito em Dezembro de 2011.


 
“E quando ela abriu os olhos já não era mais Rainha. Era apenas uma menina, sentada na cama no meio da noite.”
Sobre Abraços e Só – Felipe Trevisan


O escuro do quarto penetrava pelos olhos claros da menina-mulher, enquanto ela respirava ofegante. Em sua visão do sonho, tudo era claro e seguro, belo e feliz, não havia lugar para tristezas e angústias. Aos poucos seus olhos foram se acostumando a pouca luminosidade do recinto, assim como sua mente aos poucos foi se acostumando com as brincadeiras de mau gosto que a vida insiste em pregar em cada um de nós.

Sua mente teimava em vagar por aquele labirinto de pensamentos que ela nunca conseguiria escapar, muito menos desvendar. Ela continuava enredando-se entre os corredores confusos e ziguezagueantes, trombando com obstáculos de todos os estilos que se pode imaginar, mas nunca desistindo. Oh, não, ela não poderia nunca desistir, afinal, aquele era seu mundo, sua vida.

Sonhos, ah, isso era tudo que ela podia contar. Sonhos que talvez um dia se tornassem realidade, mas talvez um mero talvez possa cansar em alguns momentos da jornada.

Certeza, isso é o que faltava em seus dias. Certeza de que tudo daria certo, de que seu final feliz finalmente chegaria. Certeza de que um dia ela conseguiria construir seu próprio conto de fadas, mesmo que este não fosse perfeito – porque nessa vida talvez nada seja perfeito, afinal.

Mas pelo menos esperança – e pelo menos por enquanto – ela ainda possuía, e era isso que não a deixava abandonar seus sonhos e desejos. Ela continuava correndo atrás da felicidade, continuava juntando os tijolos que compunham seu conto de fadas particular.

Ah, mas ela também tinha mais do que sua vida para se sustentar, ela tinha pessoas para ajudá-la, amigos, irmãos. Ela tinha seus pontos de apoio, tinha quem ajudasse quando as trombadas no caminho fossem demasiadamente fortes e a derrubassem ao chão. Ela tinha também mãos dedicadas para colocar alguns tijolos em seu lindo conto de fada.

E com esses pensamentos talvez confusos, ela seguia sua vida. Ela conseguia novamente fechar seus olhos e deixar o sono sem sonhos preencher o resto de sua noite, apenas para que mais um dia – talvez, sempre talvez, desesperador – se repetisse.

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