Esse texto foi escrito em Dezembro
de 2011.
“E quando ela abriu os olhos já não era mais Rainha. Era apenas uma
menina, sentada na cama no meio da noite.”
Sobre Abraços e Só – Felipe Trevisan
O escuro do quarto penetrava
pelos olhos claros da menina-mulher, enquanto ela respirava ofegante. Em sua
visão do sonho, tudo era claro e seguro, belo e feliz, não havia lugar para
tristezas e angústias. Aos poucos seus olhos foram se acostumando a pouca
luminosidade do recinto, assim como sua mente aos poucos foi se acostumando com
as brincadeiras de mau gosto que a vida insiste em pregar em cada um de nós.
Sua mente teimava em vagar por
aquele labirinto de pensamentos que ela nunca conseguiria escapar, muito menos
desvendar. Ela continuava enredando-se entre os corredores confusos e
ziguezagueantes, trombando com obstáculos de todos os estilos que se pode
imaginar, mas nunca desistindo. Oh, não, ela não poderia nunca desistir,
afinal, aquele era seu mundo, sua vida.
Sonhos, ah, isso era tudo que ela
podia contar. Sonhos que talvez um dia se tornassem realidade, mas talvez um
mero talvez possa cansar em alguns momentos da jornada.
Certeza, isso é o que faltava em
seus dias. Certeza de que tudo daria certo, de que seu final feliz finalmente
chegaria. Certeza de que um dia ela conseguiria construir seu próprio conto de
fadas, mesmo que este não fosse perfeito – porque nessa vida talvez nada seja
perfeito, afinal.
Mas pelo menos esperança – e pelo
menos por enquanto – ela ainda possuía, e era isso que não a deixava abandonar
seus sonhos e desejos. Ela continuava correndo atrás da felicidade, continuava
juntando os tijolos que compunham seu conto de fadas particular.
Ah, mas ela também tinha mais do
que sua vida para se sustentar, ela tinha pessoas para ajudá-la, amigos,
irmãos. Ela tinha seus pontos de apoio, tinha quem ajudasse quando as trombadas
no caminho fossem demasiadamente fortes e a derrubassem ao chão. Ela tinha
também mãos dedicadas para colocar alguns tijolos em seu lindo conto de fada.
E com esses pensamentos talvez
confusos, ela seguia sua vida. Ela conseguia novamente fechar seus olhos e
deixar o sono sem sonhos preencher o resto de sua noite, apenas para que mais
um dia – talvez, sempre talvez, desesperador – se repetisse.
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