domingo, 8 de julho de 2012

A Moça e a Folha



Esse texto foi escrito em Agosto de 2011, para um exercicio de filosofia da faculdade. 


 

Carregada pelo vento, a folha segue planando no ar, leve e suave como a caminhar de uma gentil donzela. Mas chega um momento em que o vento não mais consegue carregar aquela folha seca de outono, e ela vai caindo, caindo, até que toca a superfície de uma pequena ponte de madeira.

Enquanto isso, os passos que iam tiquetaqueando no chão pedregoso passam para a madeira, e o salto fino da donzela a leva para o outro lado da ponte – mas só depois de passar pela folha abandonada.

A moça continua seu caminho, sua mente invadida por tantas lembranças. A moça continua seu caminho levando com ela – estampada em seu rosto – uma expressão triste e pálida. A moça continua seu caminho mesmo com as lágrimas que escapam ao piscar de suas pálpebras.

E a gentil donzela vai voando, voando, levada pelo vento que antes deixara a folha cair. Ela vai andando sabendo que o mesmo vento que guia sua vida, um dia também a abandonará. O mesmo vento que guiava a vida de tantas outras pessoas, e que ainda estará com outras.

E o tiquetaquear de seus passos para, porque ela também para. Seu olhar fixo naquilo que a levou até lá.

Na frente da jovem donzela, uma superfície de pedra. E na pedra, algumas palavras gravadas. A pedra que era a lápide de seu pai, aquele que foi guiado pelo vento que ela também era guiada, aquele que ela encontraria quando o vento a abandonasse também.

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