domingo, 8 de julho de 2012

Idav Carban



Este texto foi escrito em Abril de 2011, para o desafio 4 Estações.

Tema (estação): Inverno
 
Agradecimentos: A Bis, e ao Lipe, por terem me dado suas opiniões tão importantes e me agüentado enquanto eu escrevia e empacava. E por não me deixarem desistir. Obrigada *-*, isso não sairia sem vocês. (não que seja bom ter acabado, porque ficou uma porcaria)
  


Ele estava sentado num local abandonado, quase como ruínas antigas, e por incrível que pareça, aquele lugar fazia-o lembrar sobre sua própria vida.

Sempre me vi responsável por tudo que lhe acontecia, era minha obrigação cuidar daquele humano, e varias vezes tentei mostrar, com sinais e conselhos, que o caminho que estava seguindo era o errado, que aquilo não daria certo no fim.

Permita-me explicar, seu nome era Idav Carban¹ e desde o começo meu Pai me avisou que o fim dele seria aquele, eu, tolo, acreditei que poderia mudar o destino, e caso ainda não tenha notado, meu nome é Melahel² e ele é meu protegido.

Mas voltando ao que importa, sua vida estava em ruínas devido aos erros que cometera até o momento, durante sua, ainda, curta jornada.

Idav era um homem insatisfeito com tudo, brigava com as pessoas, inclusive com aqueles que o amavam. Mas não pense você que aquilo o agradava, pelo contrário, era um defeito que tentava podar todos os dias, sem sucesso. E o decorrer dos fatos o levou para aquele lugar.

E lá estava ele, sentado entre as ruínas que restaram de sua vida. Ao menos pensava que ainda restavam ruínas, triste seria quando descobrisse que já não existia nem isso.

Sua vida na verdade era branca, e eu já tinha notado isso há muito tempo.

Por quê?
Pois assim como o branco pode ser a ausência de todas as cores,
Também sua vida era a ausência de tudo.
E assim como o branco pode simbolizar o nada,
Também sua vida era o nada.

E atrevo-me a dizer, que talvez ela seja até mesmo como, dependendo do modo que você o veja, o inverno.

Frio,
Triste,
Penoso,
Branco.

Mas palavras não são o suficiente para descrever o que ele passava, não importa o quando eu descreva, o quanto eu compare, você pode não acreditar, e provavelmente não acredita, mas é ainda pior.

Pois,
Se ruína, contaria algum passado.
Se branca, traria alguma paz.
Se inverno, mostraria alguma beleza.

Talvez, e repetindo, apenas talvez, a melhor comparação seja com a neve, aquela coisinha branca, que nos faz lembrar o inverno, carregando com ela tudo que o inverno trás, e com o inverno, tudo que o branco trás, e ainda mais um pouco.

O Insignificante.

Sim, pois uma única partícula de neve não faz nenhuma diferença, é tão pequenina, que se torna quase invisível, mas junte várias e você descobrirá algo importante, algo que causa nevascas, tragédias, desgraças.

Sim, como a neve, insignificante.

Para ele, sua vida tinha sido toda jogada fora, desperdiçada, mas assim como ruínas não podem ser reconstruídas tão facilmente, sua vida também não poderia. E antes de tudo, o primeiro passo que deveria tomar, era querer concertar, acertar, confessar os erros, mas apesar de ter desperdiçado seus dias, ele ainda não sabia se estava arrependido.

Pois essa visão de insignificância, Idav também tinha, e qual era o motivo para recomeçar uma vida que não tinha importância? Ele não tinha motivos.

Pois sua vida,
Era como a ruína,
Era como o inverno,
Era como a neve.
Era branca.


¹ Idav Carban é um anagrama, idav é vida, carban é branca.
² Melahel é o nome de um anjo, segundo o Google.

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