Este texto foi escrito em Fevereiro de 2011, para o desafio 4 Elementos, no qual foi
classificado em 2° lugar.
Tema (elemento): Água
E lá estava eu, em frente ao espelho, em frente ao nada, em frente ao tudo, porque sim, eu era o tudo e o nada ao mesmo tempo, era o completo e o vazio, era a água, clara e limpa, mas agora era o gelo, duro e frio.
Ainda podia
ouvir as teclas do piano dentro de minha mente, como se estivessem aprisionadas
para sempre em mim, como uma alucinação.
Antes, ainda como água líquida,
eu podia dizer que conhecia a felicidade, a vida era transparente e eu conhecia
tudo que havia dentro de mim, todos os meus sentimentos e todas as minhas
fraquezas.
E a música que
tocava antes, era uma canção feliz, as notas eram graciosas, as notas eram gentis.
Mas então ele me abandonou, como
se me colocando numa geladeira, e meu coração congelou, meus sentimentos
ficaram frios, e eu não sabia mais reconhecê-los, não sabia mais descrevê-los.
Agora, apenas como gelo, eu podia
me lembrar de quando a felicidade era presente, de quando a tristeza não
existia, mas era apenas uma lembrança remota.
E a música que
tocava agora, trazia uma melodia lenta, trazia uma melodia triste.
O reflexo do espelho mostrava um
rosto pálido, quase sem vida, mostrava o meu rosto, gélido e abatido.
O reflexo do espelho mostrava
também um fantasma, a imagem do que um dia eu podia ver ali, mostrava também um
sonho, a ilusão do que um dia eu poderia ver ali.
E a música
continuava tocando, parecia próxima do fim, e infelizmente, parecia, mas não
estava.
E não importava o que eu vivesse,
tudo continuaria igual, como também o gelo, que não modifica enquanto mantém-se
na mesma temperatura.
“E tudo era muito
para um coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia
querer o pouco aos poucos.”
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