Este texto foi escrito em Setembro de 2011, para a Revista Janelas (que era organizada em uma comunidade chamada O Sótão). Como ele estava numa pasta separada, esqueci de postar antes de chegar nos desse ano.
No beiral da
janela, eu via a linha da estrela cadente cortando o céu, marcando todo seu
caminho, como que separando em dois aquele manto escuto com pontinhos de
claridade. Separando também a realidade da imaginação.
Em minha
mente, sentia os pensamentos se formando e já esperava pelas lágrimas que eu
sabia que, inevitavelmente, também iriam surgir.
A luz ia
passando pelo céu para em seguida desaparecer por trás das árvores, enquanto as
lembranças preenchiam minha mente.
Saudade. Ah,
sim, era ela que me dominava e causava todas aquelas lágrimas. Aquela vontade
de voltar ao passado, aproveitar as oportunidades perdidas e mudar o rumo que
minha vida havia tomado. O desejo de salvar as relações que apenas por minha
culpa tinham se perdido, de concertar os meus erros, ou melhor, não cometê-los.
Mas o tempo
já havia passado e a máquina de regressar nele – pelo menos por enquanto – não
existia. Tudo que eu podia fazer era olhar para aquele caminho e, baseado nele,
tentar criar uma rota futura e iluminada, tentar seguir o brilho deixado por
aquela estrela – que quem sabe não poderia ser você –, mesmo que no fim ela
acabasse na escuridão, afinal, todos nós terminávamos lá, não é mesmo?
Mas, no
fundo, tudo que eu poderia fazer era tentar ver o passado com carinho e
perceber que nada nunca voltaria. Que eu
e você estávamos acabados de verdade e para sempre. Que tudo que eu poderia
ter eram lembranças, aquelas memórias que nunca conseguiria – nem queria –
esquecer.
Tudo que eu
tinha, na realidade, era a Saudade. A saudade do nós que nunca mais existiria – ou que talvez nunca tenha existido
de fato.
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