Este texto foi escrito em Junho de 2011. Como presente de amigo oculto para Thaiana.
“Acho que vou tentar
Desafiar a gravidade”
Eu poderia muito bem começar essa
história com um famoso Era uma vez...,
aliás, se encaixaria muito bem, levando em conta que nossa principal personagem
é, no fundo, doce como uma fada. Mas não vou fazer isso, pois se tornaria
apenas uma comum narração, e minha pequena fada merece muito mais que o melhor comum
que posso lhe oferecer.
“Algo mudou
dentro de mim
Algo não é o mesmo”
Mas houve um dia muito especial,
em que Thaiana tocou pela primeira vez um de seus tesouros mais preciosos – ou
pelo menos hoje ele é um tesouro, na época talvez nem tanto – e, abrindo sua
capa, abriu também as portas de um mundo totalmente mágico e fascinante.
Tal mundo mudou a vida dessa
garota – como mudou também o de tantas outras pessoas – e despertou algo nela
que nunca poderia ser modificado, algo que perduraria durante toda sua vida.
E a cada momento que passava,
letras entravam em sua mente formando não apenas palavras, mas também imagens,
sons, cores, cheiros. Formando o mundo.
“Tarde demais para repensar
Tarde demais para voltar a dormir”
Minha doce fada acordou nesse
mundo, esse que já comentei ser cheio de mágica, mas não expliquei que quando
digo mágica, quero dizer mágica mesmo, era um mundo de magia, cheio dela, em
todos os lugares e preenchendo até mesmo os cantos mais sombrios.
Thaiana concretizou-se sonhadora,
vagava pelos corredores de uma escola daquele mundo, vagava por Hogwarts. Ela
conheceu alunos, professores, matérias, feitiços, segredos, mistérios. Ela
conheceu famosos e mentirosos, bons e maus, pobres e ricos.
Ela se encantou. Ela se
apaixonou. Ela sonhou acordada.
“É hora de confiar nos meus instintos
Fechar meus olhos e saltar”
E acima de tudo, ela se entregou.
Entregou-se a todas aquelas
letras que formavam palavras, que formavam frases, que formavam parágrafos, que
formavam capítulos, que formavam livros, que formaram o mundo.
Ela mergulhou naquelas páginas.
Saltou sobre toda sua imaginação, ela desafiou seus instintos, viajou.
Viajou deparando-se com desafios
perigosos e amizades verdadeiras. Voou como uma fênix alcançando o inalcançável.
Ela acreditou. Ela se entregou.
“É hora de tentar
Desafiar a gravidade”
Mesmo quando diziam que ela
estava vagando no imaginário, que tudo aquilo era apenas uma ilusão, a doce
fada não desistiu, ela sabia que nada mais poderia tirar aquele mundo de dentro
dela, e ela sabia que era real.
Então ela continuou, desafiou o
mundo talvez real, para continuar no seu mundo mágico.
Thaiana fez suas próprias
amizades, aprendeu seus próprios feitiços, desvendou sua própria mágica. A fada
sonhadora viu seus desejos refletidos num espelho, descobriu sobre o herdeiro
que abriu certa câmara, salvou certa garotinha, conheceu um lobisomem, salvou
um inocente. Ela esperou ansiosa pelas respostas, lutou contra dragões,
sereias, monstros e assassinos.
“Estou aceitando limites
Porque alguém diz que eles são assim”
Minha doce fada encarou a morte,
resistiu a dor, sofreu a perda. E ela também segurou suas lágrimas sentindo a
tristeza preenchê-la conforme compunha as cenas reais em sua imaginação.
Mas ela cedeu. Mas ela aceitou.
Ela percebeu.
Thaiana chorou como se a morte
fosse de alguém próximo a ela, chorou sabendo, no fundo, que a morte era verdadeiramente
real, ela sentia como se fosse real. Ela chorou como tantos outros também o
fizeram, e quem sabe até mesmo não fechou por um momento aquele mundo, tentado
recompor-se apenas para voltar para ele.
“Algumas coisas eu não posso mudar
Mas até eu tentar, nunca vou saber”
Aquela garotinha continuou, pois
mesmo com toda a dor, ela sabia que nunca teria conhecido tanta felicidade se
não arriscasse, sabia que algumas coisas, mesmo que tristes, eram necessárias.
Havia coisas que ela não poderia
mudar.
Mas ela nunca conseguiria mudar
aquilo que o tão precioso tesouro despertara nela, não, aquilo permaneceria
vivo sempre.
Thaiana sabia que tudo valeria a
pena, que já estava valendo.
“Me dê um beijo de adeus
Estou desafiando a gravidade”
Mas ela também sabia que o fim um
dia chegaria.
E ela pegou aquele último dos
sete tesouros, vagou por ele como em nenhum outro, chorou nele como em nenhum
outro, e virou a última página dele com uma dor que não existiu em nenhum
outro.
Mas ao mesmo tempo em que a doce
fada sabia que o fim chegaria, ela também sabia que poderia revivê-lo sempre
que quisesse, poderia mudar os fatos em sua mente, poderia voltar e passar por
tudo novamente com sentimentos diferentes.
Ela sabia que aquele mundo era
dela, e nele ela poderia fazer tudo, desafiar tudo, até mesmo a gravidade.
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