domingo, 8 de julho de 2012

Real Love



Este texto é uma Fanfiction de Harry Potter, foi escrito em Maio de 2011 para um desafio intitulado Homens.
 
Personagem-tema: Percy Weasley

Agradecimentos: A Bis, Lisa, e Dora. Que contribuíram com opiniões muito preciosas. Sério, obrigada.



A partida de quadribol acabara de começar quando percebi uma movimentação no campo, era McGonagall, mesmo da arquibancada – o lugar onde eu estava – era possível visualizar a expressão tensa da professora, e para o espanto de todos os presentes ali no campo, com um mega-fone ela informou:

- O jogo foi cancelado. Todos os alunos devem se dirigir às salas comunais de suas casas, onde os diretores das casas darão maiores informações. O mais rápido que puderem.

Um burburinho começou repentinamente, acompanhado pelo medo estampado no rosto de todos os alunos, principalmente os mais novos ou filhos de trouxas. Se as suspeitas estivessem corretas, e estavam, um novo ataque havia ocorrido.

Olhei rapidamente para a arquibancada Ravenclaw, meus olhos procuravam por ela, mas Penelope não estava lá, senti meu rosto suar.

Ela era mestiça.

Ignorando pela primeira vez meu dever como monitor – acompanhar os alunos até a sala comunal – corri na direção de Minerva, sem me deixar ser notado. Na companhia da vice-diretora, além de alguns professores, estavam dois alunos, Harry Potter e Ron, meu irmão. Não demoramos a chegar à cena do crime, no chão se encontravam dois corpos petrificados.

Congelei.

Eram duas alunas, Hermione Granger e Penelope Clearwater. Minha doce e bela Penelope estava lá, paralisada, parecendo morta. Senti uma lágrima furtiva correr pela minha pele, e foi como se isso me acordasse. Eu não podia estar ali, era um monitor e tinha de ser exemplo para os outros alunos. Lancei mais um breve olhar à monitora Ravenclaw, dei meia volta e rumei para a sala comunal.

Passando pelo retrato da mulher gorda encontrei um cômodo muito silencioso, apesar de cheio. Ninguém ousava fazer qualquer suposição de quem era a vítima da vez, mas o fato de Hermione e seus dois melhores amigos não estarem no local causava suspeitas.

Algum tempo passou enquanto minha mente vagava sem rumo em pensamentos desconexos, talvez minutos, talvez horas, até que o retrato se abriu e por ele surgiu McGonagall acompanhada por Harry e Ron, os dois alunos secundaristas tinham na face uma expressão de sofrimento.

A professora logo informou sobre os ataques e passou as novas regras: nenhum aluno poderia andar pelo castelo desacompanhado de um professor, nenhum aluno poderia sair do seu dormitório depois do escurecer, as atividades de quadribol estavam canceladas, e os monitores fariam ainda mais rondas noturnas. Mas foram suas últimas palavras que acabaram com as esperanças de todos.

- Não preciso acrescentar que raramente me senti tão aflita. É provável que fechem a escola... a não ser que o autor desses ataques seja apanhado.

Então Minerva se retirou do local e não demorou muito para que a sala comunal ficasse vazia, aos poucos todos os alunos foram para o dormitório, e eu, como monitor, fui cumprir minha ronda, que apenas me fazia lembrar ainda mais da ravenclaw.

***

Era uma manhã triste, também pudera, depois que Penelope fora petrificada, não só as manhãs ficaram assim, mas também as tardes, e principalmente as noites, que era o horário que namorávamos.


Meu relacionamento com a monitora começou no quinto ano, nos conhecemos melhor durante as rondas noturnas que fazíamos juntos, e a cada noite ela me conquistava mais com sua voz gentil, seus cabelos suaves, seus olhos brilhantes... Não demorou muito tempo para que começasse a me conquistar e seduzir com seu cheiro doce e sua pele macia.

Durante as férias não parávamos de trocar cartas, por isso, na maior parte do tempo eu ficava trancado em meu quarto escrevendo para ela. Tinha certeza, mesmo nunca tendo sido um homem muito romântico, com relação à Penelope, eu sabia que o sentimento se chamava amor, e era isso que me guiava nos momentos perigosos que estávamos vivendo naquele ano.

E naquele ano nosso relacionamento se tornou muito mais sério, mesmo que eu ainda o escondesse de minha família, isso não parecia incomodá-la, e a cada noite nossos pecados se tornavam mais graves. Quem poderia imaginar que eu, o monitor certinho gryffindor, iria deixar a patrulha obrigatória para namorar as escondidas? Mas era isso mesmo que fazíamos todas as noites, e também era isso que estávamos fazendo na noite que Ginny nos encontrou, e por incrível que pareça, eu pude notar um brilho de satisfação em seus olhos ao ver a ruiva caçula, e percebi que ela queria aquilo, fazer parte da família, ser oficial, pública.

Depois de reparar naquele brilho especial no olhar de Penelope, eu decidi que contaria a minha família sobre o nosso namoro, e então não precisaríamos mais continuar sempre escondidos.

Eu fiz meus planos, mas eles simplesmente se dissolveram como água quando me deparei com o corpo petrificado dela no corredor, naquele dia triste que começou com uma partida de quadribol, a manhã onde meu pesadelo começou.


E lá estava eu, naquela manhã triste, caminhando em direção a ala hospitalar, mais uma vez usando meu cargo de monitor para realizar um desejo próprio. Precisava vê-la. E não demorei muito para chegar ao meu destino.

Visualizei seu corpo imóvel em um leito.

O ambiente era calmo, tranquilo, mas naquela ocasião parecia apenas triste. Caminhei a passos lentos até Penelope, não importava quanto tempo as mandrágoras levassem para crescer, ou se elas fariam o efeito esperado nas vítimas, eu estaria sempre com ela.

Sentei ao lado da ravenclaw, sua face estava congelada numa expressão de medo, de terror, os olhos arregalados, a boca travada num grito mudo, a mão indo em direção ao rosto. O que será que ela havia visto para causar tanto temor? Uma pergunta que todos na escola tentavam responder e que ninguém – pelo que eu sabia – até o momento tinha conseguido.

Minha mão rumou automaticamente até a dela e não consegui mais aprisionar a tristeza dentro de mim.

Chorei.

Sua pele não era mais aquela quente e viva que eu conhecia, agora estava pálida, fria, assim como todo seu corpo, tudo nela parecia isento de vida. Mas eu sabia, dentro de mim, que aquilo não era verdade, que Penelope estava ali, viva, e uma parte de mim mantinha a esperança de que ela também me sentia ali.

- Sinto tanto sua falta – falei para o nada.

Não conseguia desviar meu olhar de sua face, apertei meus dedos contra os dela inutilmente, como se tentasse transferir uma parte de minha vida para a ravenclaw. Se pelo menos eu tivesse certeza que ela me sentia ali, me ouvia.

- Eu te amo Srta. Clearwater – confessei.

Ouvia o vento passando pelo lado de fora do castelo, as folhas balançando, o medo ecoando pela escola.

Não sei quando tempo fiquei ali, segurando sua mão, olhando seu rosto, mas chegou uma hora em que meu coração se acalmou, seus olhos ardiam por culpa das lágrimas. Soltei seus dedos, levei minha mão até seu rosto, encostei meus lábios suavemente aos dela e rumei para outra parte do castelo, tirando meu olhar dela, mas continuando com os pensamentos na ala hospitalar.

***

Os monitores foram os primeiros a receber a notícia, a poção das mandrágoras estava pronta, e era hora de testá-las. Alguns professores rumaram preocupados e esperançosos até a ala hospitalar, mas não foi permitida a presença de alunos no local.

O castelo estava num misto de alegria, esperança, preocupação, alerta, e surpresa. Por todos os corredores era possível encontrar os alunos andando animados, mas a qualquer barulho diferente eles olhavam para os lados assustados, como se o perigo da câmara secreta ainda estivesse presente.

A notícia sobre as mandrágoras também causavam um burburinho fora do normal, a pergunta invadia a cabeça de todos e também a minha. Será que iria funcionar? Só o tempo poderia responder. E ele passou, sem trazer a resposta, até que durante o jantar, no salão comunal, Dumbledore levantou-se com uma expressão séria. O silêncio se instalou.

- Como todos já sabem, hoje foram testadas as poções de mandrágora, e tenho o... – ele fez uma pausa – prazer de informar que elas foram um sucesso.

Os alunos explodiram em vivas e as portas do salão se abriram, dando passagem para as seis vítimas, meus olhos fixaram-se imediatamente nela, Penelope, percebi que ela também me procurava, quando nosso olhar se encontrou seu rosto tornou-se radiante. Sua pele estava novamente viva, suas bochechas coradas vivamente.

- Já volto – comentei rapidamente com meus irmãos enquanto uma Hermione corria para um Harry feliz e um Ron um tanto tímido.

Levantei da mesa apressado e corri até ela, parando apenas quando cheguei numa distância suficiente para conseguir abraçá-la.

- Está louco? Estão todos olhando! – ela pontuou.

Olhei em seus olhos, agora extremamente brilhantes. Sua pele macia, sua face delicada. Levei minha mão suavemente até rosto, puxei-a para mim e beijei seus lábios se forma tranquila e segura. Quando nos separamos percebi um sorriso se formando.

- Obrigada – ela comentou enfim – por tudo.

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