domingo, 8 de julho de 2012

A Viagem

 
Esse texto foi escrito em Outubro de 2011. 

Dedicatória: Ao Mica, Feliz Aniversário. (:



A garota estava sentada em sua cama enquanto analisava os objetos ao seu redor, em seu quarto: o sofá, o armário, a televisão, o computador – aquele objeto que há algum tempo havia lhe apresentado várias experiências.

Em suas mãos segurava um pedaço de papel com algumas palavras escritas. Ao seu lado, em cima da cama cuidadosamente arrumada, estava sua mala aberta e quase pronta. Ela deixou o papel de lado e lentamente fechou o zíper da mala.

“Agora está tudo pronto” ela pensava.

Em seu rosto alguns fios da franja loira caiam sobre seus olhos azuis, estes mesmos olhos que possuíam um brilho especial, uma mistura de felicidade e incredulidade, e que não conseguiam conter uma pequena lágrima – não se engane em pensar que lágrimas são apenas de tristeza, essa estava muito longe de tal sentimento.

Levantou-se da cama e colocou a mala do chão, guardou o precioso papel em sua bolsa de mão. Então ela saiu do quarto, puxando a mala em uma das mãos tremulas.

Ah, como aquele momento era mágico para ela, não mais dos que se seguiriam, mas ela esperara aquela oportunidade por tanto tempo, economizara cada centavo de seus pequenos salários de estagiaria, convencera seus pais e avisara seu amigo – ela gostaria muito mais de fazer uma surpresa, mas não conseguiu guardar para si aquela novidade.

Tudo estava pronto.

Entrou no carro de seu pai e a viajem foi silenciosa, ela estava meio que em semi-transe e seu pai se preocupava muito com a filha caçula tão amada. Duas semanas era o tempo que passaria fora, talvez fosse pouco, mas foi o adiantamento de férias que conseguiu com menos de um ano no emprego.


Cerca de uma hora mais tarde, lá estava a garota em frente à funcionária do aeroporto.

– Preciso conferir a passagem. – ela informou.
– Ahn, certo. – foi o que a garota respondeu em meio ao nervosismo, antes de encontrar o papel em sua bolsa. – Aqui está. – completou entregando-o com as mãos tremulas.

A loira estralava os dedos enquanto a funcionária conferia sua passagem. Estava tão nervosa que algo saísse errado que até alguns segundos pareciam muito demorados.

– Pronto, o avião já vai sair, é melhor se apressar. – disse enquanto devolvia o papel.
– Obrigada – a garota respondeu antes de sair apressada até o portão que estava marcado em sua passagem.


A viagem passou lentamente para a moça dos olhos azuis, mas no momento em que o avião pousava o coração dela batia mais forte enquanto suas mãos frias continuavam tremulas, o nervosismo continuava presente.

Ela desceu no aeroporto e foi direto buscar sua mala, era melhor estar pronta para ir com ele quando se encontrassem. Seus olhos procuravam atentamente enquanto as bagagens iam passando na esteira.

E então, de repente, sentiu uma mão em seu rosto, tampando seus olhos.

– Nora, adivinhe quem é! – ela ouviu aquela voz tão conhecida, aquela que antes ouvia a quilômetros de distância.

A garota tocou nas mãos do rapaz e tirou-a de seus olhos, virou-se e abraçou-o antes mesmo de conseguir ver seu rosto. Em seus olhos agora escapavam várias lágrimas. Ele retribuiu o abraço no mesmo instante.

– Já peguei sua mala. – falou enquanto ainda estavam enlaçados.
– Obrigada, sogrinho. – ela respondeu em tom de brincadeira.

Ela soltou-se do abraço e deu-lhe um beijo.

E as palavras que saíram a seguir da boca da garota, era um trecho modificado daquele texto que antes ele havia escrito para ela:

– Cumprimentaram-se com um beijo, assim como sempre fariam.

3 comentários:

  1. Ah Norona, esse texto é tão lindo e toda vez que releio me emociono novamente.
    Parabéns pelo blog, está lindo.

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    1. Sogrão, e eu então, fico lembrando das coisas postando os textos. Saudade do ano passado =x, foi muito produtivo. USHAUH E isso ai ainda vai acontecer em!

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  2. estes mesmos olhos que possuíam um brilho especial...dificil não comentar só um "onw"

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